segunda-feira, 14 de outubro de 2013

LACINHOS COR DE ROSA

A história dessas meninas é muito curiosa. Essa é a história da Quelita, da Eli, da Elaine, da Taninha, da Bel, da Tanika, da Maris Sagas e da Nádia, da Suzy, da Marga e da Naza; da Ângela e da Taty. Aonde uma ia, todas iam juntas pra passear, adoravam estar na estrada e fazer festa  juntas era com elas mesmas.
Todo mundo gostava delas e a avó da Elaine mais ainda, tanto que fez um lacinho cor de rosa para cada frufruzinha. Um belo dia a mãe da Quelita pediu pra levarem uma torta de morango pra avó da Elaine, mas aquelas danadas queriam é ir pro Shopping Center. Então elas combinaram que iam primeiro no shopping e depois tomar café com a avó da Elaine. E lá se foram cantando no estilo Mc Rayssinha:
Prepara que hora
Do show das lacinhos rosa
Que andam pelo Shopping
Levam as tortinha
Para a vovozinha!!
Sente as “louca”...
Sente as “loucaaaaaaaaaaa”....

E lá se iam na maior algazarra, quando um lobo esperto viu que tinha algo errado e resolveu passar a conversa nas meninas e tirar uma grana da velinha. O cara escutou a conversa das meninas e ligou pra avó passando um trote na velhinha, dizendo que tinha seqüestrado as meninas.

Aí foi a maior confusão, porque a avó apavorada entrou no facebook e chamou a mãe da Quelita, avisando da ameaça e que as meninas não tinham chegado ainda. Então as duas colocaram um post no face pedindo ajuda e avisando das ameaças. Um caçador adicionado recentemente, clicou no ícone do localizador e conseguiu localizar as ligações do lobo, chamaram as autoridades e prenderam o bicho. Encontraram as meninas provando roupas na loja Marisa, que nem sabiam a confusão em que tinham se metido.

LACINHOS BRANCOS E O MENINO DE CHAPÉU

A história dessas meninas é muito curiosa. Elas eram cinco irmãs: Aninha, Aline, Denise, Roberta e Maria Helô. Mas, tinha o Lipinho, irmão mais novo.  Eita turminha pra gostar de tagarelar! Falavam, falavam, falavam... até em Inglês e com as mãos, falavam.
Todo mundo gostava deles, e sua avó mais ainda. Pra deixar as meninas mais bonitas, a  avó fez um lacinho branco pra colocar no cabelo de cada uma e pro Lipi: um chapéu branco. A vovó decidiu fazer um almoço com sua comida preferida; adivinha: “sopa de letrinhas”.
Sua mãe,  a “DÉIA” pediu que eles fossem pelo atalho da floresta e levassem uns suspiros para a avó MARINETE. E assim foram as meninas, sempre juntinhas de mãos dadas cantando:
PELA ESTRADA AFORA VAMOS BEM TRISTINHAS
LEVAR OS DOCINHOS PARA A VOVÓZINHA
SOMOS ÓRFÃZINHAS NO CAMINHO DESERTO
NÃO TEMOS NAMORADO, NEM PAIZINHO PERTO...
Ao ouvir aquela cantoria, e já cheio de todas as intenções um lobo carente e faminto se aproximou. Como todos eram muito queridos e solidários, convidaram o lobo pra tomar sopa de letrinhas na casa da vovó Nete.

Chegando lá o lobo quase não acreditou quando as meninas mostraram suas poesias e  leram um trecho de “O Morro dos Ventos Uivantes” (o Lipi leu em LIBRAS) ; o lobo caiu no berreiro, todo sensível. Um caçador que passava ali perto escutando aquele uivo todo, pensou que eles estavam em perigo e foi socorrer. Mas ao chegar viu todos consolando o lobo  achou aquela avó uma gracinha e se apaixonou. Dizem por aí que o lobo decidiu virar ator, foi pra Hollywood e fez papéis importantes em diversos filmes. As meninas gostaram tanto da história de amor que decidiram escrevê-la. Além de escritoras as meninas viraram professoras de Língua Portuguesa e Inglês. O Lipinho, professor de LIBRAS.


O TRIO DE CHAPÉU COR DE ABÓBORA

Sabe como são pré-adolescentes, ? Andam todos parecidos e em bando, formando tribos urbanas. Com esses três não era diferente: A Helô, a Quel e o Juanito adoravam obras de arte, música pop e acreditem: chapéu cor de abóbora. Se isso lá é cor...

Todo mundo gostava deles e a avó da Helô mais ainda, tanto é que eles viviam no sítio da família...
Um dia a mãe da Quel fez uma torta de abóbora com chantili e pediu pra levar pra avó da Helô que tava muito magrinha. Eles foram correndo, principalmente o Juanito que adorava comer torta de abóbora. Mas acontece que os três encontraram um lobo tocando um violão pelo caminho e acabaram parando pra curtir um som.
O lobo que tava faminto sugeriu que os três fossem catar frutinhas por outro caminho, mais longo, pra avó fazer cup cake de frutas. Os três acharam a ideia ótima e lá se foram. O Bichano acabou chegando antes na casa da avó e comeu a velhinha, logo em seguida os três chegaram e viram que tinha algo estranho e como a avó da Helô era cheia de energia, começou a dar uns golpes de judô e o lobo não resistiu, desmaiou.  A Quel escoteira, que vivia acampando e conhecia todos da floresta saiu correndo e chamou um caçador veterinário que acudiu todos, fazendo uma operação de emergência no lobo e salvando a avó.
Quando tudo havia passado a avó fez um chazinho pra acalmar e comer a torta e se deram conta que o guloso do Juanito tinha devorado tudo, então foram pegar as frutinhas pra fazer geleia e estavam todas esmagadas formando cremes coloridos, aí eles fizeram cup cake coloridos.

Dizem que a experiência foi tão maluca que o Juanito nunca esqueceu aquele lobo e virou professor de música, a Helô e a Quel adoraram os cremes coloridos e viraram professoras de Arte

CHAPEUZINHOS AMARELOS

Essa é a história de dois meninos: o Luizinho, o Edinho. Eram uns tipos gordinhos mas bastante medrosos. Todo mundo gostava deles e sua avó mais ainda. Mas ela preocupava-se com os medos dos meninos... então ela fez um chapéu amarelo e disse que sempre que o usassem, estariam protegidos.
Um dia sua mãe os chamou e pediu que fossem levar uma torta de laranja pra vovó e eles não queriam não, imagina sair pela floresta e se machucar ou ver algum bicho esquisito. Preferiam ficar em casa jogando vídeo game e comendo Mac Donald’s. A mãe passou uma bronca nos dois e botou os dois na estrada, achando que se caminhassem um pouco, perderiam aquela pança. E lá se foram os dois cantando:
ALMOÇAMOS AGORA
MAS JÁ ESTAMOS COM FOMINHA
PENA QUE ESSE DOCE
É PARA A VOVOZINHA.
De repente os dois levaram o maior susto quando um lobo saiu detrás de uma moita. E logo descobriu que os meninos iam pra casa da avó. Os dois congelaram de medo e o lobo se adiantou chegando na casa e comendo a avó. Mas a floresta era mágica e eles lembraram que a avó disse que o chapéu dava coragem e lembraram de seu grande herói “Chapolin Colorado”.
Num sobressalto esses dois saíram correndo pra ajudar a avó, e foram gritando  chamando o caçador. O caçador chegou pra ajudar os dois e bolaram um plano estratégico pra matar o lobo e salvar a avó. Começaram a bater uma bolinha embaixo da janela, como quem não quer nada, e o lobo doido pra jogar uma pelada, veio pra fora pra casa e conseguiram capturá-lo.

O caçador que também era olheiro achou que os meninos tinham potencial e botou os dois em escolinha de futebol. Os meninos perderam o medo e ganharam preparo físico, quando cresceram viraram professores de Educação Física.

CHAPEUZINHOS PRETOS

Era uma vez duas meninas da irmandade do ábaco reluzente, a Edinha e a Mel; que vez ou outra recebiam sua amiga chapéu cor de abóbora: a Helô. Todos gostavam delas e sua avó mais ainda, tanto que fez um chapéu especial para o dia dos encontros da irmandade, um chapéu preto.
Um dia sua mãe pediu que fossem levar uns doces de jabuticaba para a avó, no meio da floresta. As meninas fizeram os cálculos do melhor trajeto e lá se foram cantando:
Pela estrada afora vamos depressinha
Levar os docinhos para a vovozinha
Calculamos bem o melhor trajeto
Pois tempo é dinheiro e isso é certo...
Um lobo faminto e muito pobre que passava por ali resolveu pedir uma esmola para as meninas, mas descobriu que tinha mais comida na casa da avó. Então o bicho ofereceu um teorema pras meninas decifrarem, e como elas quase não gostavam de desafio, aceitaram na hora.
O bichano correu pra casa da avó na frente e acabou atacando a senhora, que era maratonista e saiu correndo, as meninas chegaram bem na hora e saíram correndo atrás dos dois. Um caçador que passava ali perto deu um tiro pra cima pra avisar as autoridades e o pessoal achou que era uma maratona e todos saíram correndo atrás.

Foi a maior confusão, mas a avó chegou em primeiro lugar, em segundo lugar o lobo ( que foi desclassificado por tinha cheirado papoulas alucinógenas pelo caminho pra tirar a fome). Assim as meninas chegaram nos primeiros lugares junto com avó. Quando cresceram juntaram os dois conhecimentos e viraram professoras de Matemática. Edinha foi até premiada em Olimpíadas de Matemática

CHAPEUZINHO VERDE E O CAÇADOR DE RECOMPENSAS

Era uma vez, numa pequena rua, perto de um pequeno supermercado, morava uma menina de olhos cor de esmeralda. Todos gostavam muito dela, e sua avó mais ainda, gostava tanto que lhe fez um chapéu cheio de detalhes verde-dólar. Alicinha era conhecida como Chapeuzinho Verde.
Alicinha adorava duas coisas: dinheiro e viagens. Então ela ficou bem feliz quando sua mãe pediu que levasse uma torta de limão para a avó avarenta, lá na floresta. Ela pegou seu mapa preferido, colocou debaixo do braço e ainda cobrou uns trocados da mãe pra pagar a sola do sapato.
Quando estava na floresta, Alicinha se deparou com um lobo e ia passando a conversa no cara pra vender a torta de limão, dizendo que tinha mais na casa da avó... Eita menina pra gostar de dinheiro!
Só que o lobo, imaginando que avó de uma menina assim deveria ser bem rica e ter um monte de jóias, passou a conversa na menina, dizendo que se ela seguisse por outro caminho, encontraria um pé de dinheiro e umas passagens de avião. Assim, ele correu na frente, enganou a avó e trancou a velhinha no cofre.
Ao descobrir que fora enganada, Alicinha viu uma foto com uma recompensa para quem capturasse o lobo. Esperta, já deduzindo o golpe, e armando suas estratégias de batalha, como as do Golfo Pérsico, chamou um caçador amigo, especialista em animais selvagens;  o Jean – que adorava tecnologias -  fez uma proposta.

Chegando na casa da avó o caçador Jean prendeu o lobo, soltou a velhinha e foram todos pra delegacia. Ganharam e dividiram a recompensa. Alicinha e a avó fizeram uma viagem pelo Caribe, que marcou a sua vida! Aprendeu a dançar lambada e dizem que virou professora de Geografia. Jean, comprou um megabook, gravou uns vídeos no Youtube e ficou mais famoso que o Jobs.

CHAPEUZINHO VERMELHO

Essa é história de uma menina, a Lucinha, que queria ser comunista, que gostava de levar coisas pros outros, especialmente para os mais velhos. Ficava irritada com o capitalismo, com a falta de educação e os cadernos incompletos.
Num belo dia, ela foi levar uma coisa pra avó que mora na floresta: uns estudos sobre os negros de Itajaí e uns doces, mas aí ela e a avó acabaram na barriga de um lobo. Só que o lobo, ele não percebeu que a prima mais nova estava brincando fora de casa e depois de comer tudo que viu pela frente, tirou uma soneca. O ronco do malvado atraiu a Adrianinha, que chamou um caçador que passava ali por perto e deu um jeito de avisar a Lucinha e a vovó. A Lucinha, muito esperta, fez o lobo se coçar todo e acabou libertando ela e a vovó logo quando o caçador chegou pra prender o lobo.

Lucinha cresceu e virou professora de História, dizem que Adrianinha também seguiu o exemplo da prima...

CHAPEUZINHO LILÁS

Era uma vez um menino muito querido, que morava em Navega City, o Lucianinho. Todos gostavam dele e sua avó mais ainda, tanto que fez uma fita lilás pra ele usar no chapéu. Um dia sua mãe lhe chamou e pediu que fosse levar uns doces de uvas para sua avó e umas revistas de fofoca de gente famosa. E lá foi o Lucianinho cantando:
Pelo Ferry Boat vou bem sozinho
Pra ver a vovó e dar os docinhos
Queria ser famoso e bem conhecido
Como o Brad Pitty ou parecido.... 
E lá ia o Lucianinho cantando e olhando pros lados, achando que tava “CAUSANDO O ESPETÁCULO”. Mas ao ouvir aquela cantoria um velho pirata, um lobo do mar, se aproximou e ofereceu uma carona no seu iate, doido pra agenciar o menino e ganhar uma grana como empresário. O lobo tava morrendo de fome e pensou que se o guri não tivesse talento, pelo menos garantiria o rango e comeria o menino e a avó.

Chegando na casa da avó, o lobo achou aquela avó, que um dia fora domadora de circo, muito gata  e ficou babando por ela. O namorado da avó, que era muito ciumento e caçador, participava de um Reality Show estava vigiando a casa, não gostou do jeito do bichano e chegou com tudo, correndo com o lobo. Depois de todo o alvoroço, do pessoal do Reality colocar todo mundo na TV, e todos ficarem famosos; a avó meio hippie sugeriu que fizessem uma meditação para limpar as energias negativas e também uma prece para que o lobo encontrasse seus bons caminhos. Estas influências fizeram com que o Lucianinho abandonasse a busca desenfreada pela fama e ensinasse os bons valores sociais; quando cresceu virou professor de Ensino Religioso.

INSPIRADA NAS OBRAS CHAPEUZINHOS COLORIDOS; CHAPEUZINHO AMARELO E NA VIDA REAL:

 CHAPEUZINHO AZUL
Era uma vez, numa pequena vila da Penha um menino que ficava admirando o céu. Pensava em ser astronauta, aviador, passarinho... Todo mundo gostava dele, e sua avó mais ainda, tanto que decidiu dar um boné azul pra proteger o rosto do sol quando ele brincava com os bichinhos do quintal.
Um dia, sua mãe o chamou:
- Roninho precisa levar uma tortinha pra sua avó, mas ó – não vai encontrar um amiginho e ficar jogando bola ou se distrair com as plantas e animais, ein!
Mas não teve jeito, não adiantou a mãe avisar que o Roninho ia brincando com a bicharada... Até que de repente um lobo saiu de trás de uma moita. O bicho descobriu que o menino ia pra casa da avó e tava roxo de fome, resolveu “fazer um rango” (da avó e do menino). Aí, o lobo, se fazendo de amigo do Roninho disse que ia na frente pra ir arrumando a mesa, e lá se foi. Chegou como quem não quer nada, e quando ia atacar a vovó, a velhinha sacou uma espingarda e deu um tiro no lobo. Depois preparou o bicho e pôs ele pra assar.
Finalmente quando Roninho chegou com a sobremesa os dois comemoraram mais uma caçada bem sucedida, almoçaram lobo assado e foram tirar uma soneca. Só não esperavam que o pessoal do GreenPeace tava passando por ali e encontrou os restos do lobo, que estava em extinção. Bem, foi a maior confusão: a vovó e o menino foram parar na cadeia, mas depois foram libertados, pois a avó era de outra geração e não conhecia as novas leis que protegem os animais.

Roninho aprendeu a lição, respeitar e proteger todos os seres vivos. Dizem que virou professor de Ciências e nunca mais usou boné azul.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

NO PAÍS DEUSDARÁ

Certamente alguns de nós passamos pelo sete de setembro com um sentimento patriótico e nostálgico, com a imaginação nas margens de um rio chamado Ipiranga, um cavalo, uma espada e um brado retumbante.  Bem, embora tenha feito uma reflexão sobre desigualdades sociais junto com as turmas do matutino, ouvindo os belos acordes dos Hinos Nacional e da Independência tocados por integrantes da Banda Filarmônica de Itajaí (em que alguns são nossos alunos e a sede é na área da escola), minha comemoração foi pela liberdade.

Estávamos, Céia e eu, não à beira de rio, mas a beira mar; nosso cavalo: o trio elétrico; nosso grito: a liberdade e o respeito à diversidade;  também dançamos e pulamos pra valer com o “show das poderosas”, tudo era festa e alegria. Renovamos nossa energia e nos sentimos muito bem atendidas pela segurança e organização do evento da Passeata pela Diversidade, no domingo em Floripa.

Alegrias e alegorias não escondem a força dos tempos. A evolução dos tempos nos fez dar saltos em termos de expressão social, desenvolvimento econômico e busca por equidade, porém nossos opressores agora são outros, senão em parte nós mesmos.

Se nos desvencilhamos de Portugal em outros tempos, nos tempos atuais vivemos à sombra da “rede”, a teia de informações comunicações alvo de espionagem pelo EUA. Além disso, precisamos importar modos, modas e médicos; exportar fumo, frango e nossos estudantes para melhorar a qualificação profissional; muitos de nossos professores são formados em redes virtuais, às vezes mais especialistas em redes sociais que nos conhecimentos de base de sua disciplina; sem esquecer-se da fundamental necessidade de políticos honestos.

Para a maioria da população carente ainda ficam os recursos assistencialistas, que pela caracterização de gênero (feminino e pobre) lhes é de grande serventia, porém uma “faca de dois gumes e um fuê (no meu dialeto gastronômico)”: se a faca lhes corta o pão que lhe dão, também lhe tolhe o medo de progredir e o fuê (batedor) faz virar tudo num círculo vicioso. E eu, trabalho em meio a isso tudo e às vezes não consigo nadar contra a corrente ou círculos viciosos de afazeres... então... eu penso, escrevo e danço. Danço e rezo...


Por hora ou oração, encerro minha semana pensando na minha pátria querida e em meu próprio patriotismo, na minha terra de palmeiras donde canta o sabiá, que hoje se não se chamasse Brasil, talvez pudesse chamar Deusdará.


sábado, 10 de agosto de 2013

Amor na Palma das Mãos

O mundo acontece ao contrário e minha contrariedade é o frio que atravessa o meu corpo. Rareia meu sangue, aumenta a pressão. Sinto os sintomas que o francês do século XIX descobriu. Venho de um jardim de onde o olhar  do céu foi generoso, melindroso, sintomático, nem sempre simpático. Tortos são meus dedos, frias estão minhas mãos.

Mas ao som que aquece minha alma se acalma, se renova ao escutar um "não vou me adaptar". E, a quem não entende, sinto muito, sou sobrevivente. Das tantas vidas que tive e tenho aqui neste plano, sigo nessa, de escritos, aromas, controvérsias. Versos e provocações. Agora, há o cheiro doce da cozinha de minha homônima amiga, a Maristela. Que de meu simplório silabar a suas palavras, nunca vou chegar. Profissional das letras e escritora. Acima de tudo, amiga e parceira cultural. Qual cultura tentamos garimpar entre música, livros, cinema... o romance. Ah... O romance, o amor, as paixões e os segredos da alcova e a difícil arte de manter o equilíbrio entre o desejo, a relação e o compromisso.

E lá, nela, na alcova, não sei se consigo ficar mais "nua", ainda tiro as roupas e faço sexo. Gosto de beijos esfuziantes. Gosto de mãos suaves descobrindo meu corpo, língua voraz deslizando por contornos curvilíneos, gemidos excitados e excitantes, o crescer do desejo da carne trêmula, pulsante e farta. Gosto de exercícios tântricos, gosto de posições diversas, de toques marginais. Carícia, corpo cheiroso e quente. O sexo, o sexy, o orgasmo. Prazer. Não sou santa, dama, nem puta, sou só gente aprendendo a ser.

Porque nudez é para amor, e amor é de outra ordem, não é algo que se peça, se espere. Apenas flua, na alegria e no prazer que se compartilha com certa companhia. Por esse tal amor... o presente é um porvir...há uma certeza em meu passado e ventura no futuro, já o leram em minhas mãos...

PASSIONE

Passionata
e tudo passa
a paixão e o nada
o tudo
e o quase...


A cigana andante
entre mares circulares
lê teu passado
na sombra de teu olhar, 
Olha teu presente
nas carícias de teu corpo, 
Acaricia teu futuro
de tantas letras e coragem.

Passione
Paz
Acione
o meu Eu único 
Para que você apaixone e sinta 
o cítrico sabor de menina

Inspiração na poesia de Alice Ruiz S

On the ROX

Quero ficar numa boa
Boa...
Numa
Lua
Soa 
Algo
Memória...
Cartas
Sintonias
Disfasias...
Quero manter um sentimento
Lento...
Um leve sentido
Vive
Livre 
Intenso...
De amar a pequenas colheradas.

Ensaio de Poesia Concretista - em homenagem à Décio Pignatari


quinta-feira, 6 de junho de 2013

COITADINHO DO ADÃO - PRIMEIRO CONTO

COITADINHO DO ADÃO      (04/2008)



Sou feminista. No alto da exuberância de minhas manifestações feministas indomáveis senti um carinho amistoso, certa pena de Adão – talvez seja por uma recente descoberta, talvez por carma.

Tudo aconteceu assim, como pequenas agulhadinhas que vão costurando uma lacuna no peito e subindo de mansinho, picando e apertando, de um lado e de outro. Um caseadinho bem pequeno, que está lá. Cerzido.

Após uma leitura sobre a lenda de Lilith, que fizemos em grupo com conseqüentes ou inconseqüentes discussões, uma idéia sobre ele foi surgindo, tomando corpo – e que corpo! – ganhou vida na minha contradição E eu, que sempre achava que os primeiros em tudo são muito mais prepotentes e arrogantes, fiquei com dó do primeiro modelo de homem. Gente, que super dodói essa criatura, sem mãe nem pai, nem seu sexo sabia direito qual era. No princípio de tudo...

Deve ter sido bem complicado ser o primeiro de uma espécie. Pra começar o Todo Poderoso fica de onda com o cara: põe rabo, tira rabo, mexe um dedinho aqui, dá uma corzinha ali; faz dele uma figura andrógina – sabe, dois em um – aí quando ele está no Paraíso todo enturmado com os bichos que ele pôde nomear, fodendo umas gazelas, metendo nas cabrinhas, ganhando umas lambidas de ovelhinhas... Inventam que a criatura tem de ter mulher!

 Ele até fica animadinho, acha que vai ser legal andar de mãos dadas na beira do lago, catar pedrinhas de sal no Mar Morto, roubar uns frutos proibidos. Aí, o Todo Poderoso, que cansado de suas majestosas criações – estão pensando que criar um mundo é assim fácil, é? - baixou o padrão de qualidade e criou uma fêmea de tudo de nojento, com sangue, saliva e a chamou de Lilith.

Pô! Adão, uma figura tão pró ativa, extremamente colaborador na criação do mundo, nem foi consultado sobre seu modelo preferido, teve de se contentar com aquela coisa nojenta como quem ganha uma injeção na testa.

A mulher veio: feia, fedorenta e sexo maníaca. Adão até tentou quebrar o gelo, no Cântico dos Cânticos ele fez um esforço bastante original: buscou admirar sua beleza, estabelecer uma relação com a beleza das montanhas, das gazelas (ah, as adoráveis gazelas que ficavam bem quietinhas, paradinhas só sentindo o “vuco-vuco”); de nada adiantou.

O que a mal agradecida fez: foi bater perna pelo mundo, queria transar à moda dominadora, só faltava um chicotinho, se bem que se ele tivesse ainda aquele rabinho seria uma perspectiva interessante. Bem, já não bastava tanta injuriação, o Todo Poderoso achou que aquela mulher não prestava, que o Adão merecia outra e dessa vez ia ser carne de sua carne, sangue de seu sangue.

Adão ficou esperançoso e tudo, imaginou que fosse participar de um ritual meio místico, de dar um corte de leve no pulso e deixar cair um sangue em algum lugar e ali germinaria uma nova mulher. Mas sabem como é o Todo Poderoso, né: magnânimo, exagerado. Mutilou o pobre do Adão pra criar a nova mulher.

Essa até que era mais bonitinha, deixava ele fazer como as cabrinhas, mas muito sem gracinha. E o tempo foi passando, passando e de repente as duas mulheres se encontraram – e mulher quando se encontra pra falar de marido... se as orelhas começam a arder, vem chumbo grosso. E não é que a sem gracinha começou uma ladainha: que Adão nem reparava mais nela, ela só vivia com os dois ranhentinhos (Caim e Abel) agarrados nas tetas e se pegando, que o corpo não era o mesmo, que seu trabalho não era reconhecido, que Adão vivia mais no meio do mato do que com ela, parari, parará... Os dois guris, vendo a agitação da mãe caíram no maior berreiro e a outra só ria, gargalhava da desgraça alheia.

Aí ele não agüentou, não agüentou mesmo, e gritou: - VÃO À MERDA! PÀRA COM ESSA PORRA! ISSO É UM INFERNO! EU É QUE NÃO AGÜENTO MAIS!

O Todo Poderoso, que estava aproveitando suas milhagens grátis e foi dar um role na Lua, pressentiu que vinha tempestade por aí e que Adão estava entrando em colapso nervoso e interveio. Tinha que dar uma moral pro cara. Então, dirigindo-se a primeira mulher, deu uma bronca e mandou a “nenonha” viver condenada no inferno com os outros demônios. A sem gracinha acabou vivendo o inferno em vida mesmo, teve que lavar, cozinhar, limpar, dar conta dos ranhentinhos – muito mal e porcamente por sinal, tanto é que um acabou matando o outro – e ainda teve de assumir toda a culpa pelos pecados da humanidade.

E o Adão, nisso tudo, teve que ter atitude de macho! Teve que ao menos em postura, superar suas carências: sem pai nem mãe e mulher que preste; assumir seu posto de primeiro homem, exemplo que afirma a onipotência do Todo Poderoso. Usou dos recursos da gestão para organizar a ordem “natural das coisas” - sabem que ele deixou o cavanhaque crescer para ganhar um toque mais dominador, ficou uma graça aquela cara de mau.

Ah, como eu sei disso tudo, assim tão ilustrativamente... É que depois da discussão no grupo, eu fui passear numa fazenda, olhava umas ovelhas imaginando um assado bem suculento, daqueles com marinada líquida de vinho, alho, mel, mostarda, pimenta calabresa, pimentão, cebola, alho poro, cheiro verde; depois um assado lento e cuidadoso em rolete e fogo de carvão, com umas batatas cozidas e arroz soltinho acompanhando, um molhinho de leve... e comentava sobre a leitura com alguém, achando que estava inspirada a escrever uma crônica, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, sobre como a mulher vem sendo subjugada desde a criação. Escutei um sussurro, marcando um encontro atrás de uma determinada árvore no pomar.

Curiosa, fui. Vocês acreditam que quem aparece era uma ovelha chamada Doli, achei que estava doidona e estava vendo coisas; ela disse que não. Que ela conhecia outra versão para meu relato; e quanto ao lance da comunicação: eu não devia me espantar, que era uma revelação de um segredo universal, que todos os seres vivos estabelecem contato entre si, coisa de ecologistas, na real.

O que Doli queria me dizer era que ela é de uma geração muito, muito antiga de ovelhas e suas histórias são passadas de geração em geração. Sua tatara tatara tatara e lá vai cacetada avó, contava a história de um homem, um tal de Adão que ficava atento às mudanças climáticas e ajudava o rebanho a se abrigar,  “sabia alegrar uma gazela como ninguém”, ajudava a parir nos partos difíceis, até cantar com os pássaros ele cantava; um cara muito camarada. Mas, no fundo daquele coração tinha um pobre infeliz, estressado com a sua vida e só encontrava paz no refúgio com os animais. Um cara que lutava diariamente para alimentar uma família (bem grandinha por sinal, para quem era filho único de ninguém); agüentar as manias de um chefe centralizador, que vivia se metendo em sua vida; profundamente frustrado por não conseguir, de jeito nenhum, entender o que se passava na cabeça da mulher. E ele: TINHA DUAS!


CONTO: O RETRATO DE JOÃO NARCISO VÁLCEZ

O RETRATO DE JOÃO NARCISO VÁLCEZ

João Narciso Válcez não era eleito de muitas palavras, mas sabia usá-las quando as escolhia. Dia ou outro dizia o que pensava. Sempre, sempre pensava o que dizia.
Elucidava.
Era tido como sábio; grande genitor de precisos pensamentos. Porquanto Martina nunca ousava os dispersar.
Vinha atormentado por seus demônios até chegar ao ribeirão sem ponte.
Parou.
Olhou finalmente a paisagem e sentiu a força da maresia. Estava em praia Héstia. Não atravessaria o ribeirão, nem de barco. Decidiu não reivindicar ponte alguma. Deu meia volta e seguiu “toda a vida reto” (retidão era uma de suas qualidades). Para ele a cada meio, havia um caminho, coisas budistas (não que religiosidades fossem seu forte). Seguia suas vontades. Seguia?
Nascera assim... urdido de pensar que sua mãe nunca o achara um belo bebê – sem traumas – homem de hombridade, como seu pai o ensinara. Dentre tantos ensinamentos ainda lhe serviam os de lustrar os sapatos e saber cortejar as mulheres.
E Martina... ahhhhhh, Martina sempre a enredar-se sedutora e lânguida. Como a admirava!
Olhou uma foto sua. Pensou em seu retrato...
Para Rubem Alves um retrato só aparece ao fim de uma meditação metafísica. É o ponto final de uma busca. O retratista busca capturar o pássaro mágico invisível que mora na pessoa a ser retratada e que, vez por outra, faz uma aparição efêmera. João não conhece Rubem Alves. Rubem não concordaria com a atual política comunista. Mas, as crianças do semiárido têm fome e seus pais também.
João sentou-se no sofá.
Um belo escocês envelhecido, mais de 60°C atingindo um blend especial... malte, gelo e lembranças seguros em sua mão, noutra um Romeu y Julieta. Não era comumente fumante, talvez fosse o prazer de externar o peso das bagagens carregadas, já era hora de começar a carregar apenas o que lhe coubesse no bolso e no coração... baforadas.
Uma pequena nuvem de nostalgia. Saudades de uma Cuba desconhecida: da sensualidade da salsa, da organização das comunidades, da simplicidade da medicina, do candomblé cultuado sem preconceito, do patriotismo e do sonho utópico de um Che figurativo.
Ella cantava solta, e brincava com a voz.
Mãos à testa e deu-se conta de seu hipermetropismo. Por que estava sem lentes? – Antítese – Para que enxergar naquele momento?
Vinham suaves ondas alegres à sua memória: o aroma do cozido de sua mãe; a graça da puta colombiana de García Marquez (bela mulher); e, Martina, melindrosa. Um leve sortilégio animou seu pensamento:
- Vou submetê-la a meus caprichos.
Depois, não resistiu ao vício: olhou o relógio, um Dumont original ao menos;  e Cronos, o deus grego sempre a engolir seus filhos...  
Mirou suas mãos. A boa sorte de sua vida estava ali, em suas mãos. Olhou o braço arranhado por Martina.
Tirou os sapatos, examinou os calos em seus pés e a dor estalada dos ossos de seu corpo. Respirou profundamente. Isso era estar vivo.
Ella calou-se. Sentiu o silêncio dos mundos ao seu redor, um universo aparentemente cálido.
Chegou Tchaicovsky.
Alongou, aqueceu. Narciso Válcez olhou-se no espelho. Venceu preconceitos, surrupiou vaidades. Nem toda a psique resistiria a sua beleza. Estava novamente altivo e elegante, leve e doce homem subiu ao palco e levantou a sufrágica bailarina.





terça-feira, 2 de abril de 2013

O ARTESÃO


Para Fred... Imaginando-o com um belo chapéu panamá em lugar de mesmo nome... Obrigada por inspirar minha primeira crônica de um personagem masculino.

O ARTESÃO
Por Maristela Vanzuita

Francisco Cregório nunca foi a Milão, mas a elegância de seus ternos vestiam a vaidade dos homens de sua terra. A cada molde traçado, a cada risco cortado e gavião ajustado havia ali um sonho, uma técnica, uma arte.
Ás vezes só a “palavra” de um homem bastava para encaminhar uma encomenda, num tempo em que a elegância dos gentlemans era suficiente. Lindas obras finalizadas em tons sóbrios expostas em cabides de pura madeira lapidada e aromática, cobertas com papel de alva seda.
Francisco Cregório atendia ilustres clientes de risos largos; gestos taciturnos; porte altivo; pensamento cerrado. O que ninguém imaginava, tampouco, o gato audacioso da vizinha de peitos fartos, colo pronunciado e boca carmim, é que Francisco escondia um segredo.
Todo domingo santificado, e isso não era lá coisa de Francisco, ser metido a religiosidades – pois só freqüentava as missas para prestar referência a comunidade e prestigiar o desfile dos lindos ternos que compunha - assim, ao entardecer de cada domingo e o cair da noite de toda quarta-feira, como um ritual sagrado, Francisco se despojava da fita métrica, da tesoura, dos alfinetes sarcásticos que jamais machucaram seus clientes senão a si mesmo.
Seguia em caminhada, seguia pela estrada: um panamá na cabeça e paisagens passadas no pensamento. Dobrava a primeira esquina a 30 metros de sua casa, na antiga construção de um celeiro alemão de tijolos marcados, talhado no século XVIII.
Abria o ferrolho da porta que rangia lentamente, entre cantiga e sorriso aberto para o abraço ao seu querido bem vindo. Batia os pés no tapete, recordava suas memórias e a alegria da inocência da infância. Acendia todas as luzes, e em cada uma delas acendia uma chama em seu coração.
E lá, encontrava com saudade cada uma das 60 pessoas (tanto quanto a proximidade da sua idade), as pessoas mais queridas de sua vida sua mãe, sua filha, sua irmã, algumas ex namoradas e os filhos que não teve; os amigos mais prezados dos países em que não morou.
Na ponta de seus dedos, uma ponta de nostalgia, esse sentimento delicado que traz algum movimento ao canto do seu lábio.
Tudo começou como uma brincadeira, uma ilusão adolescente de confeccionar máscaras para o carnaval de Veneza. Ilusão essa cercada de frustração, medo, dor, incompreensão, amores, originalidade. Segredo. Até que Francisco Cregório percebeu que tinha poder de eternizar, assim como um Deus, ele eternizou aquelas 60 pessoas. E, sem nunca ter parido, ele lhes deu a vida.