sexta-feira, 11 de setembro de 2015

DA INFIDELIDADE E DO AMOR

Saí para a noite fria e estrelada.
Sem brisa, sem calor, nem prosperidade. Só por minha natureza poética.

Só por estar muito puta, ou embriagada.
Só por estar infeliz e insegura.
Deleitei-me com os aromas: churrasco, cerveja, lilases enfim...
E lá estava Jonas,
Egípcio... mascavo... tabaco...
Todos os desejos, sempre sedução.
Infidelidade‽
Amor‽
Olhos cerrados, semicerrados .
Este é Venceslau!
Boca rósea, pele branca... Arquétipo de Ares
Ás putas que te parem.

São e sempre são, em muitos outros e tantos iguais, homens de sacanas intenções. De fúlgidas atrações, medidas devassas. 
Não tipos bordéis, tampouco infiéis a amores que não tens. Tal beleza, tal fugacidade, tal lealdade, sempre.
Fidelidade‽ De quem... com quem... para quem...

Não se enganem. Não me enganem.
Vocês não sabem como eu caminhei pra chegar até aqui... e não há o que saber... porque vocês estão em meu caminho e eu em vossos... meu destino só não vai...
E desse sentimento – dissentimento...  não vou desistir... é meu lamento; se eu tiver de caminhar mais e vocês não puderem ir. Eu vou!  ...quero é paz e talvez, sem barganha ou ilusão: um pouco de amor.

QUERO SER FELIZ TAMBÉM... (ou, A ÚLTIMA DE FORRÓ)

Lembro, penso, recrio
Cada momento de nosso último encontro de forró...
Fiz aulas, estive em Aracajú, Fortaleza...
Uma antes, outra depois.
Dancei, estudei, relaxei...
Fiz todas as voltas, dei muitos passos... e
Com certeza rebolei.
Fiz mesuras e ... rebolei...
Xaxado, juntinho, encoxadinho, mas sempre com certo constrangimento...
entre amigos...
Muitos risos e não saberes. A cumplicidade era da alma e do riso, não da conquista.

Algumas caipiras, e até a descoberta: de melancia com gengibre...
O tempo passou, nossos futuros chegaram...
Toda leveza e alegria do forró se dissiparam...
Hoje não consigo dançar como antes.
E nós‽
Sempre amigos... e agradeço pelos momentos de ilusão, desilusão e realização... Isso marca: o racional, a subjetividade e as descobertas pelas antíteses, pelas sínteses e idiossincrasias...
Obrigada GGL;
Obrigada KG...
Um Homem (BH); Uma Mulher (Brasil-Itália). Amigos, festas, pensares e... a vida de cada um...melhor

Não se conhecem e são meus amigos!! 
GENTE! SUCESSOS! Alegrias... Lembranças... Boas.. Sortes. Esperanças. Só não me peguem com as políticas, só não me oprimam com os falsos votos em vão. Vocês e muitos outros queridos são maiores que tais redundâncias.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

ENTRE MUROS

Acendi todas as luzes.
Um barulho repetitivo e intrigante despertou-me.
Apurei os sentidos, alarmei os ouvidos. O céu cintilava estrelas. Grilos e sons noturnos.
Seria apenas um sonho?
2:45. Celular. Alguém que insiste em mandar mensagens na madrugada. Ele.
I have a dream.
Tenho? Preciso de um novo sonho.
Respiro, tento relaxar, apago pouco a pouco as luzes e os pontos de tensão da memória. Meu pensamento voa lentamente como se sentisse a brisa gelada do agitado Pacífico. Escuto as gaivotas, observo a neblina ao longe.
Chego perto do castelo e lá está ele ... talvez esteja à minha espera; numa quase solidão hipnótica que até dá medo aproximar-me de seu mundo, tanto quanto me fascina sua desenvoltura num mundo “nosso”.
Não quero mais criar ilusões que não sejam as metáforas as quais me conduzem à inspiração.
Quero explorar seus universos, navegar em seus mares, conhecer seus aliados e possíveis inimigos; que não sejam apenas suas memórias sussurradas em momentos de ardor, confusão, reflexão e sexo.

O que temos para hoje e amanhã é mais do que isso. Não permanecerei muito tempo nesse território límbico, onírico. Preciso ver além de onde ele se encontra, entre muros e correntes invisíveis.


quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

DIÁLOGOS DE MINHA VAGINA



Se há algo importante que descobri nessa vida foi: amar minha vagina.
Nada surpreendente para uma estudiosa de gênero e feminismo, ser humano responsável com a saúde e bem estar da mesma, adolescente nos anos 80/90 quando emergia o debate sobre masturbação, doenças venéreas e o triste fenômeno da AIDS.
Fui educada para casar virgem!
E pode crer, durante aproximadamente 18 anos só havia conhecido intimamente um único pênis, tempo muito maior que minha existência anterior. Era preciso mudar essa realidade limitada e castradora... até que eu me libertei!
Já no século XXI pude apreciar uma obra marcante em minha vida sob duas formas: a fonte de inspiração (o filme) e a peça teatral dirigida por Miguel Falabella: OS MONÓLOGOS DA VAGINA.
Considero essa importante parte de mim em sua atividade plena. Além disso, como professora e pesquisadora nata, busquei contribuir com o conhecimento, inclusive sendo atendida em hospitais universitários. Mas após passar por uma situação um tanto intrigante, decidi resguardar um pouco mais minha vagina.
Confesso que sentia certo contentamento nas consultas ginecológicas no Hospital Universitário, com aqueles diferentes jovens médicos e médicas observando e estudando minha vagina, me perguntavam com quantos homens eu havia tido relações sexuais como se fosse “lista do beijo”. Até que um belo dia um dos estudantes iniciou o exame com um espéculo e o trocou umas 2 vezes, até seu professor vir e colocar outro espéculo... e achei um abre e fecha demasiado, embora minha vagina já começava a se entediar com tamanha sensação (parecia a última celebridade enfadada); aí optei por fazer minhas consultas particulares mesmo.
Nas diferentes relações que tive a preservei e deixei que desfrutasse as mais belas sensações, sem agressões ou maus tratos, desfrutando uma bela fisiologia do gosto...
Havia encontros regulares com um determinado pênis e outros alternativos com outros pênis preservados, como fazem as vaginas autônomas e independentes, como a exemplo a de Simone DeBeauvoir; Frida Kahlo; Tarsila do Amaral; Madonna – quando uma sequência de sonhos inquietantes despertou meu estado de alerta.
Havia uma mulher morena, com uma escova progressiva mal feita e ares psicóticos correndo com meu vibrador na mão.  Existe algo mais grotesco hoje em dia que uma progressiva mal feita? De cara já estava aterrorizada.
Assim na primeira noite de sonhos eu corria desesperada sem nem dar tanta importância assim para aquele objeto que me dava sempre prazer garantido, mas que era apenas um objeto e nada mais além disso.
A mulher corria irada com aquele olhar esbugalhado que os surtados sabem muito bem revelar, dizia que aquele vibrador era dela já havia 14 anos, que ela tinha até fotos com ele; que ele não queria compromisso com ninguém e queria saber como o conhecia, se eu o usava com frequência. E eu dizia:
-Criatura, o conheço sim, adquiri numa loja virtual e o cadastro foi até gratuito – o próprio sistema o ajudou a escolher devidas afinidades e combinações; mas pode ficar com ele se é isso que você quer. Já usei mesmo, e funciona bem.
Assim, amanheci exausta no dia seguinte e bastante descontente com aquele sonho. Mas na segunda noite havia uma continuidade, eu ligava para o vendedor da loja virtual e pedia um posicionamento da empresa em relação aquela louca obsessiva, e como todo atendimento de SAC hoje em dia que encaminha para vários setores e não há nenhum responsável pela solução dos problemas, sugeriu que eu dissesse que já havia doado o vibrador e que não estava mais com ele!
Acordei com a sensação de achar aquele atendente nada solidário e egoísta, afinal ele ganhava o seu salário para não resolver “porra” nenhuma, e tinha me vendido um produto de precedentes duvidosos. Precisava ir ao PROCOM. Mas na verdade meu corpo já estava maltratado por uma segunda noite sem descanso, meus pensamentos só ficavam voltados para a solução daquele imaginário problema, nem me concentrar direito no trabalho conseguia.
Até que na terceira noite de sono resolvi tomar um relaxante, um chá quente; mas quando tudo fazia efeito uma mensagem que entrava no celular foi o dispositivo perfeito para o encerramento dos pesadelos.
Naquele mundo onírico eu mandei uma mensagem que seria o principio final daqueles pesadelos. A mensagem dizia:
-Olá moça desconhecida que me encheu o saco nas madrugadas por causa do PP (abreviação carinhosa para Pênis Provocador). Transo com ele sim e gozo legal. Não se preocupe, só transo com preservativo. Não preciso de compromisso e me divirto bastante, ele até já foi apresentado a alguns amigos. Enquanto ele me fez gozar e me divertiu, valeu a companhia, agora se ele quiser pular da sua mão e continuar guardadinho no lugar dele, pode vir...
A mulher enfureceu e tentou ofensas pessoais, sem nem me conhecer; se dizia de Curitiba. Poxa, logo de Curitiba onde adoro passear pelo menos uma vez ao ano. Então, mandei outra mensagem:
-Ah e se você continuar me importunando tenho amigas policiais que adoram autuar mulher barraqueira. Assédio sexual, moral e coação também dão medidas protetivas e processos. Se você quiser fazer de sua vida um inferno é só começar mandar mensagem ou qualquer coisa do tipo. Com ele, resolva você.
-Porque eu, sou muito bem resolvida!
-Ah e beijinhos no ombro mal amada!
-Achei seus dados no site de compras. Que a paz esteja com você. E se você espera um “ménage a trois”, eu não curto; cada uma na sua vez!
Finalmente acordei com um sorriso nos lábios e a vagina retesada como quem ganha uma luta. Meu vibrador continuava no mesmo lugar, mas comecei a olhá-lo com certo descrédito... as pilhas andam falhando. Ainda não consegui usá-lo depois dos pesadelos. Mas também minha vagina está tão tranquila e animada que nem pensa nele... afinal o verão está chegando, tempo de renovar energias e ela é muito, muito amada.





quarta-feira, 12 de novembro de 2014

MINHA MULHER TEM CELULITE



Acordei pela manhã e apalpei...
Aquela sensação macia e gostosa... pele, pelo (arrepiadinho – deslizei a mão meio de leve)... e...  massa...
Segurei aquela carne volumosa e senti as ondinhas...
gostosa...
 isso é de verdade... 
...qualquer coisa a gente joga pro lado...
Minha mulher tem celulite... pouca, média... não quero ver muito...mas tem, minha mulher tem celulite...
Falamos pra ela do botox: sua prima aos 40; seu dentista de 55 eu de 48... e ela? ( Acha que consegue chegar aos 45... sem) ... Nem que fosse preciso, maldita cultura, maldito pensamento, maldita economia e o PT ... Ala Shermann; Malu Mulher; Marta Suplicy; TV Mulher...
Criatura bitolada na mídia. Graças a Deus! Não me dá grande despesa!
Ela não está lá... O trabalho que me dá é outro...
Assim ela pensa na saúde, na alimentação, na fofoca, na novela... e por mais que ela ande, por mais que ela trabalhe na sua profissão, ela não deixa de ter celulite.
E eu?
BENDITO SEJA, sou homem. Macho alfa, capitalista... dou livros pra ela ler:  de receita ( os que eu quero que ela faça, dou carícias pra ela se excitar - as que eu quero fantasiar); assim sigo, com ela realizando meus desejos...
E ela? Por ela mesma o que faria? Me romantizaria e criaria uma ilusão?  Daria bem gostoso  pra eu que a sabe comer? (VULGAR.... JULGAR... BRINCAR). Será?
Não... ela é careta, evangélica... e... tem celulite.

 Oba!

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

NERO DI SEPPIA

Para Valdir:
NERO DI SEPPIA

Se eu fosse uma tinta me derramaria sobre teu corpo e tingiria teu pensamento, quase tão monocromático como um acorde de nero di seppia.  Como as estações de Vivaldi, no verão te traria  tons cinza claro desenhando arabescos etruscos em tuas pernas, subindo para teu peito como uma gramínea alimentando-se de todo o sal do mar instalado na areia corrente.

Sopraria a ventos errantes, dunas deliciosas em teus cabelos negros como a noite cintilada de estrelas.

Não consegui resistir a desilusão que abateu-me, nem pude reivindicar que desistisse de teu sonho. Ah política... Que fulgura o meu Brasil não o fará uma nova América. Quero mudar, quero mudança... no monograma desenhando-se não se há de trocar uma ditadura por outra.

Ainda sinto teu cheiro misto de folhas de limão quebradas e aniz estrelado com mel, adentrando em minhas narinas, soqueando de golpe certeiro o meu pensamento. Como é bom pensar em sorrisos, murmúrios e gemidos tão noturnos como as cigarras da primavera.

Tenho a mim, ao meu pensar. Tenho as minhas alegrias, desilusões, e não saberes. Não há ninguém igual a você, a mim ou a João. Nem mesmo os clones de Huxley teriam tal submissão.

Te agradam as indomadas, as faceiras e fazedeiras de vontades... tão antagônico como qualquer temor... Fugiremos para Cidade do México, ou Londres, ou Irlanda, ou Madri se preciso for... Estarei no IRA, no ETA, no front. Mas não carregarei machados, nem foices, nem rancores. Carregarei somente a obscuridão de teu olhar por tamanha contrariedade.

Consigo vistos em Cuba.

Sorrimos? Fugimos?? Há um 32 com cabo de madrepérola em algum lugar de meu passado... sei usar se preciso for... sei bater, soquear, puxar cabelo e cuspir (eu acho). Te protegerei sob a segurança de teu abraço.


Eu brinco, eu jogo, e sigo... mais vivida, mais loira e protegida pela tinta em que ei de deixar de usar.  Sou arte em criação. Não sou uma torrente de fúria de Pollock, nem uma modernidade nostálgica de Malfatti.  

Quero que o ano acabe, quero que a política mude, quero amar simplesmente – se isso é possível... Quero espalhar todas as cores de flores de meu vestido de novos anos.

sábado, 13 de setembro de 2014

O PÂNTANO DE LE GRANDE IDÉE

Hoje fui acordada por minha jovem filha, seus olhos irradiavam energia e vitalidade. Havia uma ensolarada manhã a descortinar. Minha cabeça doía... Não bebi, não festei, não fumei, nem estava com enxaqueca... Perdi o juízo, como diria minha avó... tirei um siso, ainda sofria os efeitos, mas mais adiante me beneficiaria com a extração... diminuiria os efeitos de um bruxismo.

Coisas modernas.
Tive sonhos excêntricos durante a noite.
Acho que nem Freud os interpretaria, ou talvez sim, talvez se ele fosse meu psicanalista, me diria: “-Você precisa transar, sexo te deixaria cansada e você não sonharia.” – Sábio Freud.

Não estou fugindo do tema, qual relação haveria entre meus sonhos e o Pântano?
“Uma grande ideia.”

Não costumamos sonhar com grandes ideias, nem acontecem mais “grandes ideias” hoje em dia. Nem utopias as quais lutar, nem mitologias as quais acreditar.
Já passei do tempo de ficar buscando sentido ao olhar para o passado, mas ele me ajuda. Óh, Deus sabe como! Como me ajuda nas minhas mais loucas interpretações. Outras interpretações são inspiradas especialmente por Clifford Geertz e a Interpretação das Culturas, entre tantas contribuições.

Venho contar dessa vez de um lugar inusitado, cercado de vegetação gramínea, aquosidade e répteis (os quais quero distância), tenho verdadeiro horror a sapos e afins. O Pântano Le Grande Idée é de uma biodiversidade fantástica, há também agrupamentos e mutações de espécies, como os que vemos com os políticos que vivem mudando de partido; embora esse lugar, tenha sido chamado assim, acredita-se que há muita semelhança com a demanda política de nosso país, em que o sonho de muitos mortais, e não o meu, meus sonhos são mais simples e malucos como os de Alice e o País das Maravilhas, mas há quem sonhe ser um representante na rentável e nada confiável máquina pública.

Estamos prestes a eleger mais um representante presidenciável e eu vou contribuir com mais uma eleição. Não somente por me sentir uma cidadã atuante, mas também por “ganhar” seis dias de “folga” por tamanha contribuição. Sou solidária. O prêmio é a consequência, embora tenha sido considerada na colaboração; seria também a causa? Bem, eu moro no Pântano, vivo sob suas normas, seus valores, sua cultura, seus ritos, suas cavernas.

Geertz escreveu a introdução de seu livro em 73, um ano antes de eu nascer. O cara já sacava tudo, tudo mesmo. Será que usou LSD, e aqueles baratos loucos dos anos 70? Perdão, segui o curso das borbulhas de um moscatel barato. ..  (coisas que Marx não previu, e por mais incrível que pareça não estava aqui para ver essa reinvenção capitalista do comunismo, a globalização e o consumismo). Estou chegando aos 40, sou brasileira, mulher e sei o que é um moscatel, coisas não muito comuns às mulheres naquela época.
Bem, a semelhança entre o que Geertz trazia à tona naquela época sob seu olhar antropológico e o Pântano em que vivo, é algo que me leva imaginativamente aos rituais balineses que ele descrevia, aos círculos dos rituais em que as tribos se encontravam e as reações psicossomáticas que manifestavam. Não se tratava apenas de uma canalização de energias para conectar espíritos, mas acima de tudo da incorporação de uma cultura, de um estilo de pensamento que se transforma em ação.

Tenho medo, tenho sonhos. 

Temo perceber que a vivacidade de minha filha numa bela manhã de sábado seja ligada apenas ao fato de que há liquidação na fábrica de uma marca conhecida na moda local. Temo não acreditar mais em nenhuma perspectiva política, e que a alternância de poder se torne tão banalizada quanto os Deuses pagãos do Olimpo; ou em contradição sejamos a parte esquecida da Terra chata e redonda que os gregos acreditavam existir.
Esse é um escrito sem poesia, talvez queira fugir à hipocrisia. Minha filha chega, me tirando desses devaneios translúcidos, pra se arrumar para sair. E ela acaba de dizer: - Ei eu sou tua filha...
 É sua segunda eleição (que ela vota), vivemos no Pântano... ela ainda tem vitalidade, e nós? Falta-nos uma grande, boa e criativa ideia.