terça-feira, 13 de março de 2012

O PREÇO DE UMA SAUDADE

Tem saudade melindrosa, daquelas que fazem manha e insistem em existir. Tem saudade singela, daquelas que dão um apertinho no peito, mas se acalentam com as memórias e recordações.
Uma saudade impingente custou R$60,00 no Bistrô da curva de uma interjeição. No caminho de um beijo, um afago e um tilintar de talheres que só os ouvidos da memória escutarão. Oh!

Para meu orçamento, de capital singeleza e cabeça (ora pensante), um abuso à minha carteira nem falsificada, nem Yves Saint Lorent, mesmo sabendo que há coisas que valem mais pelo lugar que ocupam do que pelo custo da produção. Outrora lá estive, no Bistrô, e jamais esqueci aquela lembrança dum cotidiano passado.
Farinha de mandioca, água escaldante em pirão, lingüiça acebolada, assada em gordura própria; vinagrete. Dois chopinhos pra complementar.
E a saudade pulou saltitante de alegria, carregada de boas lembranças. Saudade daquelas que ninguém consegue mais recolher entre tantas raízes.

Noutro dia, uma saudadezinha valeu o preço de alguns quilômetros de combustível perdidos nos horizontes do amor e do sonho. Do sonho doce que não se come, mas que se alimenta da esperança de um sorriso, ou do toque do telefone; despedidas. Fins.

Lanço minha atroz artilharia, a de ser classe emergente em Luz expoente, assim passo e pago – pelas saudades. Pago além do que devo o que sublimo.
Saudade, na economia da distância cheia de investimento, depreciação, superávit... Saudade, essa substância cruel que vicia lentamente.